dc.description.resumo | A contaminação por medicamentos (farmacocontaminação) em corpos de água provém de diferentes fontes: esgoto doméstico, esgoto hospitalar, lixo industrial, dejeto animal e descarte de medicação inadequada. Esses poluentes farmacêuticos fazem parte de um grupo denominado de Contaminantes Emergentes (CE), os quais, em sua maioria, não são regulados pela legislação e não possuem protocolos de monitoramento reconhecido. Os fármacos são, contudo, uma importante ferramenta para manutenção da saúde dos seres vivos. Com o início da pandemia de COVID-19, fármacos utilizados para tratamento de outras doenças foram indicados como possibilidades de tratamento, os chamados medicamentos “reposicionados”, dentre eles, cloroquina/hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, remdesivir e azitromicina, dando origem ao chamado “kit-covid”. Porém, mais de dois anos após o início da pandemia, não há evidências científicas que respaldem o uso dessas substâncias na prevenção ou tratamento da COVID-19. O aumento da automedicação gerou uma preocupação sobre a contaminação ambiental causada por fármacos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura e analisar os artigos no lapso temporal de 2012-2021, no cenário Brasil, descrevendo a ocorrência de fármacos em distintas matrizes aquáticas e no contexto da pandemia de COVID-19. O segundo foco desta dissertação foi compreender, a partir do contexto pedagógico, a ausência de material didático para o ensino desta temática em instâncias iniciais de formação e criar um material paradidático. O primeiro objetivo foi abordado mediante uma revisão sistemática da literatura que envolveu a triagem de 2580 artigos que, com os critérios de exclusão segundo o contexto e temática abordada, resultaram em 47 artigos analisados à procura de informações, tais como, concentrações dos fármacos, grupo terapêutico, origem e tipos de matriz hídrica atingida, incluindo efluente proveniente de ETE. Em relação à procedência, a maioria dos trabalhos concentram-se nas regiões sudeste e sul do país, que englobam mais de 70% dos artigos publicados sobre o tema. Foram descritos 65 fármacos na literatura considerada, dentre estes, 19 famílias farmacológicas foram representadas. Os tipos de matrizes aquáticas analisadas envolveram águas superficiais, águas subterrâneas, águas costeiras e água tratada. Somente dois medicamentos utilizados no tratamento sintomático dos pacientes com COVID-19 foram descritos na literatura utilizada, os fármacos dexametasona e azitromicina. Portanto, foi possível observar uma lacuna existente sobre estudos que analisam a ocorrência de fármacos e aqueles massivamente aplicados durante a pandemia de COVID-19. Os resultados deste estudo evidenciam a necessidade de monitoramentos dessa família de micropoluentes e os possíveis impactos desses compostos sobre a biota, além da necessidade de implementação prática da legislação vigente em termos de logística reversa dos fármacos. Finalmente, políticas públicas que promovam a conscientização do consumo responsável de fármacos e a redução da automedicação são fundamentais. Para isso, são necessárias estratégias educativas para democratizar esse conhecimento. Assim, o segundo objetivo da dissertação se concretizou com a confecção de um material paradidático denominado “AÇÚCAR OU ADOÇANTE? Uma história sobre os contaminantes emergentes”, o qual estará disponível para utilização de diversos níveis de ensino como alternativa didática para a promoção do conhecimento sobre a temática dos microcontaminantes. | pt_BR |