dc.description.resumo | A cultura, assim como a literatura, é uma imensa teia onde dialogam, e por vezes se confrontam, construções simbólicas das
mais variadas e díspares, dando sentido à existência humana. Na chamada modernidade líquida, na qual a superficialidade
e a instantaneidade imperam quase de maneira despótica, observamos cada vez mais distante aquela tradição das conversas nas calçadas, dos idosos a contar causos e lendas para as crianças, da vida comunitária. Tradição que se mantém viva em pequenas ilhas de resistência, onde o moderno ainda não concretizou seu projeto de colonização. Já decretaram o fim da história, a morte do autor e até mesmo a morte do livro. Mas, felizmente, se tratavam de prognósticos falsos. Barruadas e catabilhos ajuda fortalecer a tese de que a oralidade também não morreu. Mas não se trata de qualquer
oralidade: trata-se da transposição de uma memória individual e coletiva para o plano do texto, de um projeto de valorização da variante coloquial da língua portuguesa, da língua tal qual é falada por milhares de nordestinos, o que contribui para enfrentar determinados preconceitos linguísticos e culturais. Auridan Dantas de Araújo reivindica o direito à oralidade; o direito de pertencer a uma terra de grandes poetas e escritores, de grandes mestres e educadores; o direito de tecer um fio dessa imensa teia cultural narrando coisas simples, com seu vocabulário simples, para simplesmente dar sentido à existência. | pt_BR |